sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Boa viagem

Resolveu viajar e convidou o marido, que disse que só iria se fosse para os EUA. Ela quis o Canadá, e foi sozinha, e achou até melhor.
No aeroporto, a mocinha sorridente da sala de espera oferecia "café ou o que mais precisassem" os passageiros. Pediu que a mocinha mostrasse o caminho do banheiro. Fingiu passar mal para que fosse acompanhada até os sanitários. Recuperou-se com tal rapidez que traçou a mocinha prestativa num piscar de olhos...tão bonitinha naquela camisa branca, alguns botões abertos deixando à mostra parte do sutiã rendado.
Durante o vôo seguiu um rapaz muito atraente até o banheiro e, mais uma vez, com rapidez admirável, traçou o jovem turista coreano.
Após a última escala, foi até a área reservada à tripulação conversar com a aeromoça, uma mulher lá pela casa dos trinta, alta e loira e com um quadril generoso...aliás, foi pelo quadril que puxou a aeromoça para si fazendo sentir seus seios nos dela, a mão deslizando para debaixo da saia. Depois de transarem, a aeromoça saiu correndo chorando, mas ela nem prestou atenção.
Desembarcando na capital Ottawa chamou um taxi. Pensou em transar com o taxista mas estava com sono, então pediu um cartão dele e resolveu deixar para a volta.
No hotel, assim que chegou, chamou uma camareira e pediu que em seu horário de folga comprasse diversos postais dos pontos turísticos mais interessantes da região e contratasse um guia. Pagaria separado por este serviço.
Como a camareira não trabalharia naquele fim de semana, levou os postais e o guia até o hotel na mesma noite.
Entrou no quarto e, claro, foi agarrada pela hóspede. Explicou que não fazia esse tipo de serviço mas poderia recomendar quem o fizesse, mas mudou de idéia assim que viu a grana.
Seria o dobro se gostasse do guia.
Acabou por pagar o triplo, afinal uma guia sempre é mais cara.
Passou o fim de semana trancada no quarto transando hora com uma, hora com outra e hora com as duas, enquanto a guia comentava os postais.
Com certeza foi uma viagem muito proveitosa e interessante. Traçou cada pessoa que teve oportunidade, assim na ida como na volta, inclusive o taxista mexicano gorducho.
Não poupou ninguém, apenas o marido foi poupado da AIDS.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um mês

Quase um mês e esperava todo fim de tarde.
Esperava que ele chamasse, desse uma flor, um sorriso e declamasse besteiras ao pé do ouvido.
Que dissesse que sentia falta do gosto da pele e do mau gosto musical.
Esperava um mês, apenas um mês e nem um dia a mais.
A cada trinta dias recomeçava a contagem.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dois

Ele exercia atração sobre ela e ela nem sabia porquê.
Na verdade, ela nem gostava de homens e não entendia o porque do desejo aparecer logo na primeira vez que o viu.
Não podia ser apenas uma maldita banda, uma mania ou duas em comum.
Se fosse o fato de ser casado, poderia ser outro.
Se fosse o fato de ser mais velho, poderia ser outro também.
Seriam muitos, cada dia mais e mais.
Já não sabia mais a quanto tempo o conhecia, uns seis ou oito meses talvez.
Se o via com freqüência, queria mais; se não o via, ele aparecia em seus sonhos, alternados com sonhos de lindas mulheres, e aí ela sentia necessidade de vê-lo.
Algumas vezes pensou em trocá-lo por um par de peitos, mas o cheiro dele acalmava e excitava, estar perto dele fazia bem. Moralmente errado mas não causava arrependimentos.
Depois de algum tempo descobriu o que ele tinha e os outros não...quando o procurava, queria ouvidos e não apenas um pênis.
E ele tinha ouvidos. Dois, aliás.

necessidade

nessa cidade
necessidade
de trepar
Não sabe se as lembranças da voz, do sorriso e do cheiro (dele) habitam seu coração, sua mente ou sua vagina.

Não mais

Cada vez que tinha um orgasmo, o coração batia tão rápido que pensava que ia infartar.
Um dia não mais pensou assim, infartou.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ela roía as unhas mas um dia deixou que crescessem só pra poder rasgar por dentro a própria mulher quando lá metesse as mãos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Percurso

Imagino minhas mãos percorrendo estradas imaginárias em você. Meus lábios insistem em segui-las. Sigo por desvios, atalhos e caminhos desconhecidos. Onde vamos parar?

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Sintomas

Olhos turvos, fala lenta, mente vaga.
Tudo depois de um beijo teu.

Água

Água, suor, lágrimas.
A boca seca.
As unhas nas costas dele.
Gemidos. De dor, de prazer.
Soluços, beijos, mordidas.
Respiração ofegante.
Olha nos olhos dela.
A expressão de pesar misturada à de satisfação.
Menina com traços de mulher, ou o contrário.
A boca ainda seca.
A dor, o riso, o gozo.
Tudo se mistura e explode em um só gemido,
um grito,
um tapa.
Lágrimas, mordidas, suor, água.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Deusa

Boca cor de céu, bochechas encaracoladas, olhos sabor pitanga e cabeleira rosada e de aparência saudável.
Alta como o perfume dos lírios e com cheiro de três andares.
Ao andar, flutuava elegante como um caminhão em rodovia esburacada.
Certamente era uma deusa. E só eu tive o privilégio de vê-la antes de ser reduzida a chiclete em sola de sapato.

Perda

E então corri para o espelho a tempo de olhar em meus olhos pela última vez antes de me perder de mim.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Na primeira noite os braços eram tentáculos e eu, embora voluntariamente, o animal pequeno e indefeso sendo devorado.
Não que tenha virado pra ela e dito "ah, me come, vai...acabei de sair do banho, tô limpinha, uma delícia" mas não nego que quis.
E nem tão indefesa também, afinal, a noite foi quase que planejada.
Me tateando, me apalpando, me rasgando; os tentáculos e a língua - que não deixava de ser um ágil tentáculo - a me devorar por debaixo dos lençóis já úmidos de suor e de sexo.

Oito ou oitenta

Era uma sexta feira, mas não como outra qualquer. Eram sete da noite e voltava do trabalho. Pela primeira vez trabalhara uma hora e meia a mais espontâneamente.
E pela primeira vez chegaria em casa e encontraria silêncio completo. Nada do barulho do chuveiro pingando, o cheiro do sabonete, da roupa limpa, do café sendo passado e os cabelos no chão de azulejos brancos.
Põe a chave na fechadura. Respira fundo. Abre a porta. Joga-se no sofá de couro preto e tira os sapatos. Vê os móveis vermelhos e a decoração de zebra que contrasta com a máquina de escrever e o toca-discos.
Abre os olhos. São onze horas! Havia dormido ou passou a noite pensando em não pensar?
Vai para o banho lembrando que a novela acabava às dez e os documentários iniciavam quinze minutos antes; sempre perdia o início. Não que não pudesse entender se não visse a introdução, mas preferia vê-la ou não ver nada do programa.
Era oito ou oitenta! Ou se bebe whisky puro ou se toma água. Ou sapatos de salto ou andava descalça. Ah! Sempre fora assim...tudo a seu jeito ou que caíssem fora.
Fuma deitada nua no sofá e, acariciando os seios rijos, lembra-se da última noite. Chegou em casa com vontade de trepar na varanda. Enquanto se despia, mandou que a mulher fosse ageitando tudo.
- Na varanda?! Nem pensar, os vizinhos podem ver!
- Que vejam...e morram de inveja! - sorriu maliciosa.
- Sempre faço o que pede, mas já está passando dos limites...não vou!
- Não vai, é?!
Jogou-a no tapete e fizeram sexo. Depois, levantou e foi para o quarto, de onde voltou com uma sacola que jogou perto da porta.
- Que é isso? - pediu a mulher, ainda no tapete.
- Tuas coisas. Tens dez minutos pra sumir daqui, vagabunda!
- Só pode estar brincando comigo. Que tara nova é essa?
- Tenho cara de quem está brincando? Sai daqui já! Primeiro que cansei de ti e segundo que eu queria trepar na varanda.
- Só por isso?
- É.
Continua a acariciar os seios. Pensa que devia ter fodido mais uma vez no banho...ah! como era gostosa aquela guria; as pernas bem torneadas, a bundinha empinada e os seios...ah! os seios!!
Arrepiou-se e arrependeu-se, mas só por instantes breves em que acariciava a própria buceta. No silêncio do apartamento masturbou-se, gemeu e gozou. Pegou o telefone e ligou para o disque-sexo. Já disse, era oito ou oitenta!